Por Elias Nascimento
14 mar 2015 - 15h 01
14 mar 2015 - 15h 01
Os
mais cruéis homens da Segunda Guerra Mundial
Durante os anos
de 1939 a 1945, período em que se passou a Segunda Grande Guerra, cerca de 60
milhões de vidas humanas foram ceifadas. Sempre que falamos sobre o tema, os
primeiros nomes que surgem na cabeça de muitos são o de Adolf Hitler, Joseph
Stalin, Benito Mussolini e mais algumas figuras de destaque.
No entanto, é
impossível imaginar que esses homens sozinhos tenham causado tantas mortes.
Aqui você confere uma relação de nomes menores nas páginas da história do conflito,
mas que nem por isso foram menos perversos na hora de cometer verdadeiros
massacres sob as ordens de seus líderes.
A lista foi
organizada sem nenhuma ordem específica.
Odilo Globocnik
foi general da SS (SchutzStaffel - Tropa de Proteção, em alemão) na
Áustria e teve papel importante na Operação Reinhard, o plano para exterminar
os judeus europeus da Polônia ocupada pelo Governo Geral do partido nazista.
Durante seu
mandato, mais de 1,5 milhão de judeus foram mortos nos campos de concentração
de Treblinka, Sobibor, Belzec e Majdanek – instalações que ele mesmo ajudou a
organizar e supervisionar. Historiadores acreditam que ele se inspirou nos
programas nazistas de eutanásia quando teve a ideia de usar câmaras de gás.
Corrupto e
completamente sem escrúpulos, ele explorou judeus e não judeus como mão de obra
escrava em seus campos de trabalhos forçados. Mais tarde na guerra, ele foi
transferido para a Itália ocupada pelos alemães, na Zona Operacional do Litoral
Adriático (OZAK, na sigla em alemão).
Lá, converteu um
antigo moinho de arroz em um centro de detenção equipado com um crematório.
Milhares de judeus, prisioneiros políticos e guerrilheiros foram interrogados,
torturados e assassinados. Globocnik foi capturado pelos aliados em 31 de maio
de 1945, mas cometeu suicídio no mesmo dia, ao ingerir uma pílula de cianeto.
2. General Mario
Roatta, a “Besta Negra” da Itália
Apelidado de “Besta Negra” por seus próprios
homens, o general italiano fascista Mario Roatta mandou matar milhares de
cidadãos iugoslavos e enviou outros milhares para a morte em campos de
concentração. Historiadores afirmam que a taxa anual de mortes no campo de
concentração de Rab, na Croácia, era maior que o nível médio de mortalidade em
Buchenwald.
Em 1942, Roatta
implementou uma política de “terra arrasada” nos territórios da Iugoslávia em
um esforço para limpar etnicamente a região. Ele ordenou a seus homens que
matassem famílias inteiras, seja por meio de agressão física ou do uso de armas
de fogo.
Como muitos
criminosos de guerra italianos, a Besta Negra nunca foi a julgamento após a
guerra, e viveu em Roma até 1968, quando faleceu.
3. Dr. Josef
Mengele, “O Anjo da Morte”
Josef Mengele não foi o único médico nazista
a cometer atrocidades, mas certamente é o mais famoso deles, por sua frieza,
comportamento isolado, crueldade nos procedimentos que realizava, e
principalmente por nunca ter sido capturado.
Como adepto
fervoroso da pseudociência nazista, usou sua posição em Auschwitz para
desenvolver suas pesquisas em experiências com cobaias humanas – muitas vezes
com completo desprezo pelo bem-estar de seus pacientes e em completa violação
aos princípios científicos.
Ele acreditava
piamente na teoria da superioridade racial alemã. Para prová-la, se engajou em
diversos experimentos que buscavam comprovar a falta de resistência dos judeus
e ciganos a diversas doenças, que ele mesmo introduzia no organismo de seus
pacientes, assim como extraía e colecionava amostras de tecido e de partes do
corpo de suas vítimas para estudos posteriores.
Muitos dos seus
“objetos de estudo” morriam durante os procedimentos desumanos que o nazista
realizava ou eram assassinados para facilitar os exames que seriam feitos após
a morte deles.
Depois da
guerra, Mengele fugiu para a América do Sul, passando por Argentina e Paraguai
até se estabelecer no Brasil, onde morreu afogado na praia de Bertioga, no
litoral paulista, em 1979.
4 e 5. Generais
Iwane Matsui e Hisao Tani, os “Açougueiros de Nanquim”
Algumas fontes históricas consideram que a
Segunda Guerra Mundial começou oficialmente em 1937, com a invasão da China
pelo Exército Imperial Japonês. Mais tarde naquele ano, depois de as tropas
japonesas lançarem um ataque massivo à cidade de Nanquim, soldados chineses
recuaram para o outro lado do rio Yangtze.
Durante as seis
semanas seguintes, tropas japonesas cometeram o que hoje é conhecido como o
Estupro de Nanquim – episódio particularmente terrível da guerra em que um
número entre 200 mil e 300 mil soldados e civis chineses foram mortos e mais de
20 mil mulheres foram estupradas.
Depois da
guerra, o general Iwane Matsui foi julgado e considerado culpado por
“deliberada e imprudentemente” ter se evadido de seu dever legal de “tomar
medidas adequadas para assegurar a observância e prevenir qualquer brecha do
cumprimento da Convenção de Haia (tratado internacional sobre leis e crimes de
guerra)”.
Da mesma forma,
o general Hisao Tani foi considerado culpado pelo Tribunal dos Crimes de Guerra
de Nanquim, sendo sentenciado à morte. Outros líderes do exército japonês que
participaram da ação morreram antes do fim da guerra.
6 e 7. Marechal
do ar Arthur Harris e General Curtis LeMay
Uma das vantagens de se ganhar uma guerra é
o benefício de não ter que prestar contas por todas as coisas hediondas
necessárias para que isso acontecesse. É o caso do marechal do ar britânico Sir
Arthur "Bombardeiro" Harris e do general da Força Aérea americana
Curtis LeMay, ambos responsáveis por campanhas de bombardeio a territórios
civis que resultaram em milhares de mortes na Alemanha e no Japão, com
resultados bastante questionáveis.
Durante a
Segunda Guerra Mundial, Harris dirigiu o Comando Aliado de Bombardeio.
Convencido de que o conflito por ar poderia ser decisivo, ele certa vez
declarou: “Os nazistas entraram na guerra sob a ilusão infantil de que eles iriam
bombardear todo mundo, e ninguém os bombardearia. Em Roterdã, Londres, Varsóvia
e meia centena de outros lugares eles puseram sua ingênua teoria em operação.
Eles semearam vento, e agora vão colher o turbilhão”.
Seu tom era
indubitavelmente de vingança. Ele acreditava que bombardeios em massa sobre
civis faria com que a população alemã se voltasse contra Hitler. Seu
“turbilhão” daria fim à guerra em meses e, com esse objetivo, organizou
diversos ataques, incluindo os feitos às cidades de Colônia, Hamburgo e Berlim,
e o mais controverso deles, que atingiu Dresden quando a guerra já estava
praticamente vencida pelos aliados.
Em suas
memórias, o marechal do ar nunca fraquejou em suas convicções: “Levando-se em
consideração tudo o que aconteceu... o bombardeio se provou um método
relativamente humano”.
Sobre o
Pacífico, o general Curtis LeMay perpetrava sua própria campanha brutal contra
alvos civis. Seis meses antes da rendição do Japão, os ataques de bombardeiros
ordenados por LeMay resultaram em estimadas 500 mil mortes e o deslocamento de
5 milhões de habitantes.
O mais infame
desses bombardeios aconteceu entre 9 e 10 de março de 1945, quando investidas
sobre a cidade de Tóquio mataram aproximadamente 100 mil civis, o que é hoje
considerado o mais brutal ataque único a civis da história da Segunda Guerra.
No entanto,
diferente de Harris, o general americano estava plenamente ciente de sua
própria brutalidade, declarando depois que o conflito acabou: “Matar japoneses
não me incomodava muito na época... Eu suponho que se tivéssemos perdido, eu
seria julgado como um criminoso de guerra”.
8. Oskar
Dirlewanger, Comandante especial da SS
Mesmo se considerarmos toda a brutalidade do
regime nazista, o comandante especial da SS, Oskar Dirlewanger, ainda é
considerado uma das pessoas mais depravadas a vestir um uniforme alemão durante
a guerra. Ele era alcoólatra, viciado em drogas, pedófilo e tinha forte
tendência à violência, e sua unidade era considerada a mais sanguinária de
todas dentro da SS.
Em 1940,
Heinrich Himmler colocou Dirlewanger como responsável por uma Brigada de Caça
formada inteiramente de criminosos condenados, todos eles ex-caçadores. Quando
ficaram arregimentados na Bielorússia, Dirlewanger e seus homens enfrentaram
guerrilheiros na região, mas também mataram civis que moravam em vilas que
estavam “no lugar errado, na hora errada”.
Seu método de
execução em massa favorito era prender a população local dentro de um celeiro,
atear fogo à estrutura e atirar com metralhadoras em todos que tentassem fugir.
Credita-se a ele a morte de pelo menos 30 mil pessoas, isso somente no tempo
que passou na Bielorússia. Ele foi preso em 1º de junho de 1945 e espancado até
a morte por seus captores poloneses.
9. Hans Frank,
“O Açougueiro da Polônia”
Amplamente ignorado pela história, Hans
Frank governou e aterrorizou a Polônia ocupada entre 1939 e 1945. Como
ex-advogado de Hitler, ele tentou espelhar o seu estilo de governo no do
próprio führer.
Conhecido como o
“Açougueiro da Polônia”, milhões de vidas foram tiradas sob seu julgo, e,
apesar de não se considerado um dos homens mais poderosos do terceiro Reich,
ele foi um dos principais responsáveis pelo reino de terror alemão sobre a
Polônia durante toda a guerra.
Sua indiferença
ao sofrimento humano não conhecia limites. Em 1940 ele teria dito: “Em Praga,
grandes cartazes vermelhos estavam expostos, e neles podia-se ler que sete
tchecos foram fuzilados naquele dia. Eu disse para mim mesmo, ‘Se eu tivesse
que colar um cartaz para cada sete polacos fuzilados, as florestas da Polônia
não seriam suficientes para manufaturar tanto papel’”.
Frank foi um dos
10 criminosos de guerra enforcados em Nuremberg em 1946.
10. Dr. Shiro
Ishii, Líder da Unidade 731
Antes da guerra, o governo japonês pôs o Dr.
Shiro Ishii como encarregado do “Departamento de Purificação e Abastecimento de
Água Para o Combate de Epidemias”, mais conhecido como Unidade 731.
Na verdade, o
órgão servia de fachada para uma unidade de pesquisa e desenvolvimento de armas
químicas e biológicas. Localizada perto da cidade de Harbin, na China, a
instalação empregava cerca de 3 mil funcionários.
Ishii certa vez
afirmou que a missão que os deuses deram aos médicos é a de bloquear e tratar
doenças, mas ele fez questão de deixar bem claro que o trabalho que realizaria
naquele local seria o exato oposto desse princípio.
Durante a
guerra, ele presidiu um time de cientistas que experimentou algumas das doenças
mais terríveis do mundo – antraz, peste, gangrena gasosa, varíola, botulismo,
entre outras – em cobaias chinesas e até mesmo em alguns prisioneiros de guerra
aliados, que eram obrigados a inalar e ingeriresses agentes patogênicos e
até receber injeções que os contaminariam.
Estima-se que
mais de 200 mil chineses tenham morrido em experimentos de guerra
bacteriológica, enquanto muitos outros sucumbiram por causa de pragas
relacionadas aos testes realizados pelos membros da Unidade 731.
Ao fim da
guerra, o Dr. Ishii simulou sua própria morte e se escondeu das forças
americanas de ocupação, mas sua farsa foi descoberta e ele foi capturado. Ao
ser interrogado, inicialmente negou ter feito experiências com cobaias humanas,
mas depois fez um acordo para revelar todos os resultados de suas descobertas
em troca de anistia total por seus crimes de guerra.
Os militares
aceitaram a barganha, em busca das informações que eles mesmos não conseguiram
desvendar, mas os dados do médico japonês se provaram de pouco valor. Mesmo
assim os Estados Unidos mantiveram sua parte no trato e Ishii nunca foi julgado
por seus crimes, tendo morrido como um homem livre em 1959.
11. Lavrentiy
Beria, o “Buldogue de Stalin”
Lavrentiy Beria era para Joseph Stalin o que
Heinrich Himmler era para Adolf Hitler: um braço-direito insensível, psicótico
e imoral. Apesar de ser mais famoso por aterrorizar cidadãos soviéticos nos
anos anteriores e posteriores à guerra, Beria também teve um grande número de
responsabilidades durante o conflito.
Como chefe de
protocolo em comando do Ministério do Interior da União Soviética, ele foi
responsável diversas operações antiguerrilha no Fronte Oriental. Com a
aprovação de Stalin, Beria ordenou a execução de 22 mil poloneses – oficiais,
policiais, doutores e outros mais – no Massacre de Katyn, em 1940. Ele
mobilizou milhões de prisioneiros para os campos de concentração soviéticos,
chamados Gulag, e os obrigou a contribuir para o esforço de guerra da União
Soviética.
Foi ele quem
criou o projeto “Morte aos Espiões”, que capturou e matou um grande número de
soldados que estavam batendo em retirada. Beria ainda organizou deportações em
massa de tártaros da Crimeia, alemães do Volga e muitos outros grupos étnicos.
Depois de a
guerra ter terminado, o “Buldogue” ficou encarregado de punir e executar
supostos colaboradores dos nazistas – incluindo um grande número de inocentes e
até prisioneiros de guerra russos. Em conjunto com o ditador soviético, foi
responsável por milhões de mortes na Rússia.
Beria também era
conhecido como um predador sexual: soldados raptavam adolescentes nas ruas e as
levavam para que ele as estuprasse. Aquelas que resistiam eram estranguladas e
enterradas no jardim de rosas de sua esposa.
Em 1953, a nova
administração russa, liderada por Kruschev, considerou o braço-direito de
Stalin culpado pelos crimes de traição, terrorismo e atividade
antirrevolucionária durante a Guerra Civil Russa. De acordo com relatos
oficiais, um trapo de pano teve que ser enfiado na boca de Beria na hora de sua
execução para silenciar os seus choramingos.
12. Heinrich
Himmler, Reichsführer da SS
Heinrich Himmler serviu a Adolf Hitler como
reichsführer da SS – cargo mais alto dentro da organização, equivalente à
patente de marechal de campo – e foi um importante membro do partido nazista.
Longe da imagem
de lunático geralmente associada a ele, Himmler era a força ideológica e
organizacional por trás da ascensão da SS. Contudo, em meio às suas múltiplas
atividades, a mais lembrada é o seu papel no planejamento e na implementação da
“Solução Final” para o “problema judeu”, função dada a ele pelo próprio führer.
Em 4 de outubro de 1943, Himmler fez seu discurso mais famoso, em uma reunião
de generais da SS na cidade de Poznan.
Ele justificou o
genocídio dos judeus na Europa com as seguintes palavras: “Aqui diante de
vocês, eu quero tratar explicitamente de um assunto muito sério... Quero dizer
aqui... a aniquilação do povo judeu... Muitos de vocês saberão o que isso
significa quando houver 100 corpos deitados um ao lado do outro, ou 500 ou 1
mil... Essa página de glória em nossa história nunca foi escrita e nunca será
escrita... Nós temos o direito moral, nós somos obrigados para com nosso povo a
matar as pessoas que queriam nos matar”.
Para esse fim,
Himmler formou o Einsatzgruppen (grupo de intervenção, em alemão) e
ordenou a construção dos campos de extermínio. Junto a Adolf Eichmann e
Reinhard Heydrich, ele supervisionou o assassinato de 6 milhões de judeus,
entre 200 mil e 500 mil ciganos, além de integrantes de várias outras etnias.
Ele foi capturado em 1945, tentando se passar
por um policial alemão, e teve marcada a data de seu julgamento por crimes de
guerra, mas se suicidou engolindo uma pílula de cianeto antes de ser
interrogado.