Continente Americano -
América
Cristóvão Colombo morreu em
1506 convencido de que, após cruzar o Atlântico, havia alcançado as Índias. No
entanto, os cientistas europeus da época já não tinham dúvidas de que o
território descoberto constituía um continente desconhecido e
extraordinariamente complexo, o Continente Americano. Coube ao cosmógrafo
alemão Martin Waldseemüller batizar as novas terras com o nome de América, em
homenagem ao navegador italiano Américo Vespúcio (Amerigo Vespucci), cujos
relatos foram os primeiros a afirmar a existência do "Novo Mundo".
Incluídas as ilhas, o
Continente
Americano tem
uma superfície superior a 42 milhões de quilômetros quadrados, o que representa
a maior massa continental do planeta depois da euroasiática. Entre o extremo
setentrional (o cabo Barrow, 72o de latitude N) e o meridional (o cabo Horn,
52o de latitude S), medeia uma distância de mais de 14.000km, embora a
disposição do território não siga a linha dos meridianos, porquanto a
América do Norte se situa mais para
oeste que a
do sul. A linha do equador passa ao norte
de Quito e atravessa a foz do rio Amazonas, o que significa que a maior parte
da América encontra-se no hemisfério norte.
Tradicionalmente distinguem-se
dois grandes conjuntos territoriais, os subcontinentes
norte-americano e
sul-americano,
unidos pela série de istmos que compõem a
América Central (região do golfo de Tehuantepec,
no México, Guatemala, Nicarágua e Panamá) e pelo conjunto de arquipélagos do
mar do Caribe. No extremo norte, o continente americano limita-se com o oceano
Glacial Ártico; o estreito de Bering, a noroeste, separa-o da Ásia (85km no
ponto mais próximo), enquanto a ilha da Groenlândia, a maior do mundo,
constitui o limite da América do Norte em seu extremo nordeste. Os oceanos
Atlântico e Pacífico separam o Novo Mundo, por leste e oeste, respectivamente,
do resto das terras emersas do planeta.
No Continente Americano, as
costas do Ártico são as mais recortadas, e apresentam grandes baías (Hudson,
Baffin), numerosas ilhas (Groenlândia, Banks, Victoria, Melville, Sverdrup,
Ellesmere, Devon e Terra de Baffin, entre outras), cabos (Lisburne, Icy, Barrow,
Príncipe Alfredo, Columbia e Chidley) e penínsulas (Boothia, Melville, Ungava e
Labrador). O litoral do Pacífico, isolado por uma linha contínua de
cordilheiras, do extremo norte ao sul, é alto e retilíneo, exceto nas áreas do
Canadá (ilhas de Alexandre, Rainha Carlota e Vancouver) e da Patagônia (ilhas
de Chiloé, Chonos, Wellington e Santa Inês), onde é possível apreciar as marcas
deixadas pela erosão glacial. Outros acidentes costeiros são as penínsulas do
Alasca, da Califórnia, e do Taitao; os golfos do Alasca, da Califórnia, do
Panamá, de Guayaquil e de Corcovado; e os cabos de Mendoncino, San Lucas,
Corrientes, Punta Pariñas, Punta Aguja e Punta Carretas.
A costa atlântica do continente
é recortada e profunda ao norte do cabo Hatteras (Estados Unidos), na Venezuela
e na Patagônia, e arenosa e retilínea nas demais regiões. As ilhas mais
importantes são Terranova, Bermudas, Bahamas, Antilhas e Malvinas. Entre as
penínsulas destacam-se as da Nova Escócia, da Flórida e de Yucatán. Os golfos
mais importantes são os de São Lourenço, do México, dos Mosquitos, de Darién,
da Venezuela, de Bahía Blanca, de San Matías, de San Jorge e de Bahía Grande.
Entre os principais estuários destacam-se o do Amazonas e o do rio da Prata.
Entre os cabos mais significativos figuram o Hatteras, o Sable, o Catoche, o
Gallinas, o de São Roque, o Santa María Grande, Punta del Este, o Tres Puntas e
o Horn, que completam a linha costeira ocidental do continente americano.
Geografia física do Continente Americano
Geologia
e relevo
Os primeiros
terrenos formaram-se na era paleozóica, em conseqüência dos dobramentos
caledoniano e huroniano; data dessa fase geológica o escudo canadense, então
unido ao continente Norte-atlântico (Groenlândia, América do Norte, América
Central e norte da Europa), e o escudo do Brasil e das Guianas, unido ao
continente de Gondwana (América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártica).
O dobramento herciniano, na última fase da era primária, deu lugar à formação
dos montes Apalaches, na região oriental dos Estados Unidos.
Na era mesozóica
ocorreu a separação do escudo sul-americano, que se tornou um continente
independente. Na era geológica seguinte, a terciária, a América do Norte
separou-se da Europa e o novo continente viu-se afetado pelos dobramentos da
orogenia alpina, que deram lugar à formação das montanhas Rochosas, das
cordilheiras da América Central e dos Andes.
Na parte oriental
da América do Norte, o escudo canadense apresenta uma superfície muito erodida,
com marcas da ação glacial do quaternário e formações montanhosas baixas na
direção nordeste-sudoeste; o monte Mitchel (2.037m) é a maior elevação dos
Apalaches. Mais para oeste, no centro do subcontinente, estende-se uma região
de grandes planícies, bacias fluviais e, em seguida, uma grande cadeia de
montanhas orientada de noroeste a sudeste e constituída por diversos conjuntos.
Ao norte acham-se as cordilheiras do Alasca e de Brooks e os montes Mackenzie,
nos quais se verificam altitudes elevadas, como os montes McKinley (6.194m),
Logan (6.050m) e St. Elias (5.489m). As montanhas Rochosas apresentam várias
ramificações (cordilheira Costeira, serra das Cascatas, cadeia Costeira, serra
Nevada e cordilheira Wasatch) e planaltos entre as montanhas (Fraser, Columbia,
Arizona e Colorado), com alturas superiores a quatro mil metros (Whitney,
4.418m; Rainier, 4.392m; Wilson, 4.342m; Shasta, 4.317m; e Pikes, 4.301m). No
México, estendem-se as serras Madre oriental, ocidental e do sul, que bordejam
o planalto central mexicano e contam com cumes vulcânicos de grande altura,
como o Citlaltépetl (5.610m), o Zinantécatl (4.567m) e o Popocatépetl (5.465m).
Na América
Central, a serra Madre do Sul prolonga-se, numa sucessão de planaltos e serras
de origem vulcânica, de Oaxaca, no México, até o Panamá, passando pela
Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica. As ilhas do Caribe são
montanhosas, embora pouco elevadas; a sua Maestra cubana, com alturas próximas
a dois mil metros, e a cordilheira central de La Española (pico Duarte, 3.175m)
são as formas de maior destaque no relevo da região. As principais planícies
dessas ilhas encontram-se, em geral, na zona costeira.
O subcontinente
sul-americano apresenta três grandes zonas estruturais. A parte oriental é
constituída por planícies e montanhas muito erodidas: o planalto das Guianas, o
planalto brasileiro e a Patagônia. A cordilheira dos Andes, a oeste, estende-se
ao longo de todo o subcontinente em vários setores e com diversas ramificações.
As cadeias andinas flanqueiam numerosos vales e extensos planaltos interiores,
como o altiplano, situado a mais de 3.500m de altura, e a puna de Atacama.
Entre os elevados cumes andinos, muitos deles de origem vulcânica, destacam-se
o Aconcágua (6.959m), o Ojos del Salado (6.893m), o Huascarán (6.768m), o
Llullaillaco (6.723m), o Tupungato (6.650m), o Sajama (6.520m), o Illimani
(6.462m), o Coropuna (6.425m) e o Chimborazo (6.267m). Por último, cabe
assinalar a presença de grandes extensões planas situadas entre os maciços
orientais e as cordilheiras ocidentais. Essas terras baixas, constituídas por
sedimentos terciários e quaternários, formam as bacias dos grandes rios sul-americanos:
as planícies do Orinoco, a Amazônia e as planícies do Chaco, dos Pampas e da
Patagônia.
Clima
A extensão em
latitude, as diferentes altitudes e a influência dos ventos e das correntes
oceânicas determinam uma grande diversidade climática no continente americano.
A partir da linha do equador, os diversos climas se sucedem de forma simétrica
em ambos os hemisférios, com importantes variações locais devidas à disposição
específica de cada unidade territorial.
O clima
equatorial, que apresenta temperaturas altas e constantes e um regime
pluviométrico abundante e regular, caracteriza a ampla faixa constituída pela
Amazônia e também pelas franjas do litoral sudeste brasileiro, a região oeste
da Colômbia, o leste da América Central e as ilhas do Caribe, áreas que recebem
a umidade trazida pelos ventos alísios. Nas regiões de planaltos e montanhas
situadas ao norte e ao sul da bacia amazônica, nas costas orientais da América
Central e nas ilhas do Caribe, aproximadamente entre os 5o e os 25o de latitude
N e S, estende-se uma zona de clima tropical quente, com estação úmida no verão
e seca no inverno devido à influência dos ventos alísios.
As zonas
desérticas do Continente Americano, muito secas e com grandes diferenças
diárias de temperatura, localizam-se basicamente nas planícies costeiras e
interiores da vertente do Pacífico; na cordilheira das Cascatas, nas montanhas
Rochosas (América do Norte), no litoral norte do Chile e a noroeste e sudeste
da Argentina os desertos são frios, enquanto os do planalto mexicano (Sonora,
norte de Chihuahua, Coahuila), da península da Califórnia e do litoral peruano
são de tipo tropical e subtropical, quentes e secos. Nas áreas de transição
entre os desertos e as zonas de clima temperado e mediterrâneo, localizam-se
grandes estepes, principalmente nas franjas ocidentais da América do Norte e da
Argentina, que apresentam marcantes características de clima continental
(aridez e forte oscilação térmica entre o dia e a noite). A região central da
planície litorânea chilena, as zonas montanhosas do leste brasileiro e a costa
setentrional da Venezuela e da Colômbia também apresentam condições climáticas
semelhantes.
O clima
subtropical temperado, com inverno seco e verão chuvoso, ocorre em duas
extensas zonas de ambos os hemisférios: no norte, na baixa bacia do Mississippi
e a sudeste dos Estados Unidos, e ao sul, nas partes central e oriental da
Argentina, no Paraguai, no Uruguai e no sul do Brasil. Nas costas do Pacífico
situadas em torno dos 35o de latitude N e S, predominam os climas mediterrâneos
da Califórnia e do centro do Chile, que se transformam em climas oceânicos
temperados-frios nos litorais do noroeste dos Estados Unidos e do oeste do
Canadá, no sul do Chile e na Terra do Fogo.
O noroeste dos
Estados Unidos e a maior parte do Canadá e do Alasca têm clima de tipo
continental, mais frio, e com temperaturas muito baixas nas zonas
setentrionais. A franja setentrional da América do Norte e toda a ilha da
Groenlândia apresentam clima polar, muito frio e seco.
Além dessa divisão
geral em grandes domínios climáticos, cabe assinalar a existência de
importantes variações locais determinadas pela altitude. Assim, na cordilheira
dos Andes registram-se climas temperados em zonas próximas ao equador, climas
áridos e de estepe nos planaltos e climas de montanha nas zonas mais altas. A
cadeia das Rochosas e as cordilheiras mexicanas e centro-americanas também
apresentam climas de montanha, mais frios que os das baixadas contíguas.
Hidrografia
O continente
americano possui grandes bacias fluviais e extensos e numerosos depósitos
lacustres. A disposição de suas cordilheiras, situadas principalmente na borda
ocidental, determina um maior desenvolvimento das bacias para a vertente do
Atlântico, enquanto que, na do Pacífico, os rios são em geral curtos, rápidos e
mais irregulares.
Os rios que
desembocam no oceano Glacial Ártico são caudalosos, mas congelam-se durante o
inverno, o que limita as possibilidades de navegação; entre eles destacam-se o
Yukon e o Mackenzie, este último alimentado por vários lagos e, em menor
escala, o Back e uma série de rios pequenos que desembocam na baía de Hudson: o
Chesterfield, o Churchill, o Nelson, o Hayes, o Severn e o Albany.
A vertente do
Atlântico recolhe as águas procedentes das altas cordilheiras ocidentais
(montanhas Rochosas, Andes), formando rios e lagos caudalosos. Na região dos
grandes lagos norte-americanos nascem o São Lourenço, com grande capacidade
hidrelétrica e de transporte, e o Hudson. O Mississippi, com 3.779km de
extensão, recebe as águas da vertente oriental das Rochosas (Missouri, Platte,
Arkansas, Canadian, Vermelho) e da vertente ocidental dos Apalaches (Ohio,
Tennessee), o que configura um leito navegável de várias centenas de
quilômetros. O rio Bravo, ou Grande do Norte, formado pela confluência dos rios
Conchos e Pecos, constitui a fronteira natural entre os Estados Unidos e o
México. Nesse último país e na América Central os rios são mais curtos.
Destacam-se o Pánuco, o Papaloapan e o Usumacinta, no México; o Motágua, na
Guatemala; o Patuca, em Honduras; o Coco, na fronteira entre Honduras e
Nicarágua e o Grande, na Nicarágua.
A vertente
oriental da América do Sul beneficia-se da altitude dos Andes e do regime
pluviométrico equatorial e tropical que domina a maior parte do território. O
Magdalena (Colômbia) e o Orinoco (Venezuela) são os principais rios do norte
desse subcontinente. Um pouco mais ao sul da linha do equador corre o Amazonas,
maior rio do mundo em volume d,água e que apresenta também a maior bacia
hidrográfica do planeta. Os rios Negro, Putumayo, Marañón, Purus, Madeira,
Tapajós e Xingu são seus principais afluentes.
O Parnaíba e o
São Francisco constituem os principais rios do planalto Brasileiro, juntamente
com o Tocantins (que desemboca no grande delta do Amazonas) e o Paraná,
Paraguai e Uruguai, que formam o amplo e profundo estuário do rio da Prata. O
leito do Paraná-Paraguai é navegável até Corrientes, onde os dois rios se unem.
A cordilheira da Patagônia dá origem ao Colorado, ao Negro e ao Chubut.
Ao contrário do
que ocorre na vertente atlântica, na costa do Pacífico poucos rios alcançam um
caudal ou uma extensão dignos de nota. Os mais importantes encontram-se na
América do Norte: o Fraser, no Canadá; o Columbia e seu afluente, o Snake, e o
Colorado, que percorre o Grande Canyon, nos Estados Unidos.
Os depósitos
lacustres são muito numerosos na América do Norte. No Canadá encontram-se os
lagos glaciais do Urso, dos Escravos, o Athabasca, o Wollaston, o Reindeer, o
Southern Indian, o Winnipeg e o Manitoba. Na fronteira entre o Canadá e os
Estados Unidos situam-se os cinco grandes lagos, denominados Superior,
Michigan, Huron, Erie e Ontario; em Utah (oeste dos Estados Unidos) encontra-se
o Grande Lago Salgado. No México destaca-se o lago de Chapala e na América
Central os de Nicarágua e Manágua, ambos na Nicarágua, e o de Gatún, no Panamá,
atravessado pelo canal que liga o Atlântico ao Pacífico. No planalto andino
encontram-se os lagos mais altos do mundo, o Titicaca (3.810m de altitude) e o
Poopó (3.686m). Finalmente, o lago Mar Chiquita, na Argentina, e a lagoa dos
Patos, no sul do Brasil, constituem as principais bacias interiores do cone sul
do continente americano.
Flora
e fauna
O isolamento da
América em relação ao resto do mundo, durante milênios, determinou o desenvolvimento
de numerosas espécies vegetais e animais autóctones, assim como a ausência de
outras, que foram introduzidas após a colonização européia (o cavalo, o porco e
o boi, entre outros).
Na parte
setentrional encontram-se a tundra, região de clima frio caracterizada por
apresentar uma vegetação de bétulas e salgueiros anões, musgos e líquens e uma
fauna de renas, raposas azuis, ursos polares e focas. A taiga, que se estende
pela maior parte do Canadá, é composta principalmente por bosques de coníferas
(pinheiros, ciprestes, abetos, cedros e lariços) e habitada sobretudo por
mamíferos de grande porte, como o cervo, o urso cinzento e o alce.
As zonas
temperadas do leste norte-americano caracterizam-se pela presença de bosques de
árvores caducifólias e coníferas, cuja densidade cresce nos setores leste e
sudeste. A planície central do subcontinente é ocupada em sua maior parte por
pradarias, com vegetação herbácea de gramíneas de baixa altura e habitada por
uma fauna típica de bisões, cervos, pumas e roedores. No setor árido, a oeste,
predomina a vegetação de cactos e de arbustos de deserto e de estepe, com
diversas espécies de roedores, répteis e caçadores, como o coiote e a raposa.
Nas zonas
tropicais da América Central, das Antilhas, da América do Sul e, sobretudo, da
bacia amazônica, estende-se a maior região de selva virgem do planeta, com uma
vegetação exuberante de floresta tropical úmida. A fauna dessas regiões
caracteriza-se pela menor abundância de mamíferos (onça, puma, anta) e pelo
predomínio das aves (tucanos, papagaios), répteis e insetos.
As planícies e os
planaltos da Venezuela e do Brasil são o domínio das savanas de gramíneas e
bulbosas, que se tornam mais áridas na caatinga brasileira (na ponta oriental
do subcontinente) e nos litorais venezuelano e colombiano (plantas espinhosas,
cactos e acácias). No Sul do Brasil, no Uruguai e no leste da Argentina
estendem-se os pampas, região de vegetação estépica úmida que diminui
progressivamente na direção oeste, até ser substituída pela vegetação desértica.
A cordilheira dos
Andes tem três tipos básicos de formação vegetal: o bosque úmido e denso da
região equatorial, as punas e páramos dos planaltos centrais, onde vivem o
lhama, a vicunha, a alpaca e o condor, e os bosques úmidos do centro e sul do
Chile, com espécies de folhas perenes e caducifólias (araucária, faia, cedro).
Nas zonas desérticas, como Atacama, e nos altos cumes das cordilheiras,
cobertos por neves perpétuas, as formas de vida vegetal e animal são quase
inexistentes.
População do Continente Americano
As principais
características da estrutura demográfica do continente americano são a baixa
densidade média de população e a forma desigual como se distribui. Durante o
século XX, os habitantes do continente concentraram-se de modo crescente nas
cidades, tanto na América do Norte quanto na Central e na do Sul, o que deixou
grandes espaços interiores com escassa ou nenhuma população.
A exemplo de
outros aspectos históricos e humanos, a América do Norte e a Latina apresentam
modelos demográficos muito diferenciados. Nos Estados Unidos e no Canadá o
crescimento da população reduziu-se muito nas últimas décadas do século XX, em
conseqüência da elevação do nível de vida e das restrições à imigração
decretadas após a segunda guerra mundial. A população concentra-se
principalmente nas cidades da costa oeste (Seattle, Vancouver, San Francisco,
Los Angeles, San Diego), na região dos grandes lagos (Milwaukee, Chicago,
Detroit, Cleveland, Buffalo, Toronto), nas extensas bacias do Mississippi e do
Missouri (Minneapolis, Memphis, Kansas City, Saint Louis, Indianápolis) e,
sobretudo, no litoral nordeste dos Estados Unidos, onde se encontra um conjunto
urbano de aproximadamente mil quilômetros entre Boston e Richmond, com grandes
cidades como Nova York, Filadélfia, Baltimore e Washington. As regiões frias do
Canadá e do Alasca, as montanhas Rochosas e a grande planície dos Estados
Unidos são as zonas menos povoadas do subcontinente; as cidades do sul e do
sudeste (Houston, Nova Orleans, Atlanta, Miami) têm recebido grande número de
imigrantes internos, a exemplo do que ocorre na costa da Califórnia.
Na
América Latina ocorrem taxas de
crescimento vegetativo muito elevadas em virtude da conjugação de índices de
natalidade muito altos com índices de mortalidade relativamente baixos,
próximos aos dos países desenvolvidos. As densidades demográficas são, em
geral, baixas devido à existência de grandes territórios quase desabitados
(selvas virgens, montanhas, desertos e estepes áridas); além disso, a população
tende a abandonar o campo e a se concentrar nas grandes capitais e nos centros
urbanos regionais que, em muitos casos, abrigam a maior parte dos habitantes
dos respectivos países. Tal fenômeno de "macrocefalia" ocorre
principalmente no planalto mexicano (Cidade do México, Puebla, Guadalajara,
Monterrey), na América Central (Guatemala, San Salvador, Tegucigalpa, Manágua, São
José da Costa Rica, Cidade do Panamá), na região costeira da Venezuela
(Caracas, Maracaibo), em vários conglomerados urbanos do Brasil (São Paulo, Rio
de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Porto Alegre) e no
estuário do rio da Prata (Montevidéu e Buenos Aires).
Outros núcleos
urbanos importantes são Tampico e Veracruz, no golfo do México; Havana, em
Cuba; Medellín, Bogotá, Quito e Guayaquil, na zona andina da Colômbia e do
Equador; Callao e Lima, no Peru; La Paz, Sucre e Potosí, no planalto boliviano;
Santiago, no Chile; e algumas outras cidades situadas no interior da América do
Sul, como Manaus e Brasília, no Brasil, e Córdoba, Santa Fé e Rosário, na
Argentina.
A expansão
acelerada da população urbana na América Latina, devido tanto ao crescimento
natural das cidades quanto ao êxodo rural, tem causado graves problemas -- como
o desemprego, o déficit habitacional, as deficiências alimentares e a carência
de serviços sociais -- em muitos desses centros. A Cidade do México, o Rio de
Janeiro e Buenos Aires são exemplos de um tipo de crescimento urbano
desordenado que não conseguiu estabelecer uma relação econômica adequada com os
territórios circundantes.
Etnografia
Do ponto de vista
etnográfico, a população americana é composta por três grandes grupos humanos:
os ameríndios, divididos em várias sub-raças; os brancos, originários de
diferentes pontos da Europa; e os negros, descendentes dos escravos procedentes
da África.
Os índios
americanos constituem hoje uma minoria no conjunto do continente, embora hajam
sobrevivido em estado puro ou com diversos graus de mestiçagem no Canadá, nas
reservas dos Estados Unidos e em quase toda a América Latina.
Cerca da metade
da população canadense é de origem inglesa e aproximadamente trinta por cento
de origem francesa; o restante é constituído por descendentes de imigrantes
europeus de outras nacionalidades e por uma reduzida porcentagem de indígenas e
esquimós. A maioria dos habitantes dos Estados Unidos são brancos, sobretudo de
origem anglo-saxônica; os negros constituem cerca de 12,5% da população, que
inclui ainda importantes minorias de hispânicos (principalmente
latino-americanos), asiáticos e judeus.
Índios e brancos
coexistem no território mexicano, embora a maior parte da população seja
composta por mestiços, com variáveis níveis de cruzamento entre as raças. A
América Central é habitada por brancos, negros, índios e mestiços, à exceção da
Costa Rica, povoada quase que exclusivamente por brancos. Nas Antilhas a
população indígena desapareceu nos primeiros séculos da colonização; isso fez
com que a maior parte da população atual seja composta por brancos, negros e
mulatos.
Apesar da
mortandade maciça de índios, em conseqüência das epidemias trazidas do Velho
Mundo e dos trabalhos forçados impostos pelos colonizadores, a população
indígena e mestiça da América do Sul continua sendo majoritária na Colômbia
(chibchas), no Equador, no Peru, na Bolívia (quêchuas e aimarás) e no Paraguai
(guaranis), além de manter importantes redutos na Venezuela, nas Guianas, no
Chile e na Terra do Fogo. A população negra e mulata é importante no Brasil e
predomina nas Guianas, enquanto os brancos são maioria no Chile, na Argentina,
no Uruguai e, em menor proporção, no Brasil.
O Continente
Americano se divide em duas grandes áreas lingüísticas: a América
anglo-saxônica, constituída pelos Estados Unidos e pela maior parte do Canadá,
e a América Latina (espanhola e portuguesa), que abrange desde o México até o
extremo meridional da América do Sul. O espanhol é falado em vários pontos dos
Estados Unidos (população de origem hispânica), no México, na América Central,
nas principais ilhas do Caribe (Cuba, República Dominicana e Porto Rico) e em
toda a América do Sul, à exceção das Guianas (que utilizam o inglês, o francês
e o holandês) e do Brasil, onde se fala o português. O inglês é a língua
oficial dos Estados Unidos e do Canadá, de alguns países da América Central e
das Antilhas (Belize, Jamaica e diversas ilhas menores) e da Guiana. Além
desses grandes grupos lingüísticos, cabe assinalar a presença de outros idiomas
de menor uso: o francês, no leste do Canadá (Quebec e Nova Brunswick), no
Haiti, nas Antilhas francesas e na Guiana Francesa; o holandês, no Suriname, e
diversas línguas ameríndias no Canadá (esquimó e atapasco), Estados Unidos
(sioux, atapasco etc.), México (náuatle e maia, principalmente), Colômbia
(chibcha), Andes setentrionais e centrais (quíchua e aimará), Amazônia
(aruaque, tupi-guarani), Paraguai (guarani) e sul do Chile (mapuche).
Religião
Predomina no Continente
Americano o cristianismo. A Igreja Católica está amplamente difundida em todo o
continente, sendo a religião majoritária na América Latina; as diversas
confissões protestantes dominam nas áreas de cultura anglo-saxônica, se bem que
mescladas com numerosos grupos católicos. Além do cristianismo, nas zonas de
forte população indígena e negra persistem os cultos ancestrais, indígenas ou
trazidos da África, misturados em parte com elementos da tradição cristã e que
dão lugar ocasionalmente a ritos sincréticos de manifestações singulares, como
o vodu e o candomblé.
Economia do Continente Americano
A América é um
continente muito rico, embora grande parte de seus recursos ainda permaneçam
inexplorados. Tal riqueza, no entanto, encontra-se repartida de maneira
bastante desigual, tanto no interior de cada país, quanto no conjunto do
continente. Os Estados Unidos e o Canadá, por exemplo, apresentam uma economia
avançada e muito industrializada, enquanto grande parte da América Latina
permanece em situação de subdesenvolvimento e dependência comercial e
financeira. Os Estados Unidos, com enormes recursos minerais e energéticos,
agricultura especializada, apurada tecnologia e avançada indústria, controlam
os mercados mundiais de importantes produtos agrícolas, minerais e
industrializados. Da mesma forma, o "colosso do norte" exerce tutela
econômica sobre muitos países latino-americanos cujo comércio exterior
baseia-se na troca de matérias-primas (agrícolas e minerais) por produtos
industrializados.
A atividade agropecuária
apresenta níveis de desenvolvimento semelhantes no Canadá e nos Estados Unidos,
embora a produção seja muito maior neste último país, devido tanto ao clima
temperado que domina a maior parte de seu território quanto à qualidade dos
solos, ricos em matéria orgânica, e ao caráter industrial das plantações,
extensas e muito mecanizadas. Destacam-se, sobretudo, as grandes plantações de
trigo (que proporcionam colheitas de primavera e de inverno), milho, algodão e,
em menor escala, aveia, cevada, arroz, leguminosas, linho, soja, tabaco,
hortaliças, frutas etc. Os rebanhos de ovinos e suínos alcançam grande
rendimento nas fazendas americanas e canadenses, embora os maiores índices de
produtividade pertençam ao gado bovino, criado de forma industrial no sudeste
do Canadá e nas regiões centro, noroeste e sudeste dos Estados Unidos. A
silvicultura e a pesca também constituem importantes fontes de matérias-primas
para a indústria e para as exportações de ambos os países.
Já na América
Latina, as profundas distorções existentes na estrutura da propriedade agrária
e as técnicas agrícolas antiquadas constituem sério entrave ao desenvolvimento
e à diversificação da atividade agropecuária, o que obriga quase todos os
países a importar grande quantidade de produtos alimentícios. O México, que
exporta algodão e sisal, produz grandes safras de trigo, milho e outros
cereais. Na América Central e nas ilhas do Caribe há grandes plantações de
café, banana, cana-de-açúcar, cacau, tabaco, linho, soja, algodão e milho. As lavouras
de produtos tropicais e de cereais também se estendem por vastas regiões do
Brasil, Colômbia e Venezuela, enquanto a pecuária, principalmente bovina, ovina
e eqüina, atingiu grande desenvolvimento nos campos do Brasil, Argentina,
Venezuela, Colômbia, Chile e Uruguai. As colheitas de cereais do sul do Brasil
e da Argentina encontram-se entre as mais importantes do mundo.
O continente
americano é excepcionalmente rico em fontes de energia e recursos minerais. O
enorme potencial hidrelétrico de seus rios é explorado de modo crescente na
América do Norte e com menor intensidade na América do Sul, onde Brasil,
Colômbia, Bolívia, Argentina, Paraguai e Chile começaram a aproveitar os
importantes rios da região andina e das bacias da vertente atlântica. A América
produz grande parte do petróleo mundial, principalmente nas reservas dos
Estados Unidos e, em menor quantidade, no México, Venezuela, Colômbia,
Argentina, Brasil, Peru e Equador. O gás natural, muito abundante, localiza-se
sobretudo no Canadá, Estados Unidos, México, Venezuela, Peru e Argentina. Além
disso, há grandes jazidas de carvão mineral, principalmente hulha, nos Estados
Unidos, e reservas secundárias no Canadá, México, Colômbia, Chile, Brasil e
Argentina.
Os principais
recursos minerais do continente são zinco, extraído em numerosos centros
produtores no Canadá, cobre, chumbo, ferro e estanho; os principais produtores
são Estados Unidos, Canadá, México, Peru, Bolívia e Argentina. O México
destaca-se por suas reservas de prata, o Brasil e o Peru por sua produção de
ferro, o Chile pelo cobre e a Bolívia pelo estanho.
A abundância de
matérias-primas e de recursos minerais e energéticos, aliada à demanda de um
amplo mercado interno contribuíram para o intenso desenvolvimento industrial
dos Estados Unidos. Todos os setores produtivos acham-se representados no país,
com destaque para ferro, aço e as indústrias mecânica, química, eletrônica,
têxtil, naval e de papel. As grandes empresas americanas, cujos centros fabris
concentram-se principalmente no nordeste do país -- por isso mesmo a região
mais industrializada e urbanizada do planeta -- estendem sua influência por
todo o mundo ocidental, tanto pelo investimento de capitais, quanto pelo
controle de mercados em âmbito internacional.
O Canadá ocupa o
segundo lugar em desenvolvimento industrial no continente, com uma produção
igualmente diversificada e de tecnologia avançada. Os países latino-americanos
tentam competir com seus vizinhos setentrionais através da criação e do fomento
de indústrias próprias, apesar de suas graves deficiências estruturais
(comunicações precárias, grande dívida externa, escassez de capitais). Nesse
grupo destacam-se o México (têxteis, papel, vidro, máquinas), a Venezuela, a
Argentina, o Chile e, sobretudo, o Brasil (siderurgia e manufaturas). Nos
demais países, onde a industrialização é bastante reduzida, a economia
baseia-se fundamentalmente na atividade agropecuária ou na extração mineral.
História do Continente Americano
A América começou
a ser povoada, segundo estimativas, entre 20.000 e 35.000 anos atrás (embora
alguns pesquisadores proponham cinqüenta mil anos), quando a diminuição do
nível dos oceanos -- provocada pela última glaciação -- possibilitou a
comunicação terrestre entre a Ásia e o Novo Mundo através do estreito de
Bering. A evolução cultural do homem pré-histórico americano acelerou-se entre
5000 e 4000 a.C., com o início de um processo de revolução neolítica em alguns
pontos do México, da América Central e do Peru. Por volta do ano 3000 a.C. já
se haviam consolidado as técnicas agrícolas (irrigação, fertilização e cultivos
em terraços), enquanto as artes da cerâmica e da confecção de tecidos
alcançavam alto grau de perfeição. A crescente complexidade da organização
social e econômica propiciou a formação de centros urbanos dotados de poder
político centralizado. Desse modo, entre 1500 e 1200 a.C. começaram a
suceder-se várias civilizações no vale do México, na América Central e na
cordilheira dos Andes.
No México
desenvolveram-se as culturas olmeca (1150-800 a.C.), de Teotihuacan (400
a.C.-650 da era cristã), tolteca (séculos X a XII) e asteca (séculos XIV a
XVI). A civilização maia evoluiu a partir de 500 a.C. no sul do México,
Yucatán, Guatemala e El Salvador, com distintas etapas culturais, cujo apogeu
situou-se entre o século III a.C. e o início do século X da era cristã. Na
região andina floresceram as culturas de Chavín e Paracas (1000-200 a.C.),
Nazca e Moche (400-200 a.C.), Tiahuanaco e Huari (600-800 da era cristã), Chimú
(séculos XIV e XV) e o império inca (séculos XV e XVI).
No resto do
continente os diversos povos ameríndios permaneceram em estágios culturais
bastante atrasados. As atividades de caça e coleta subsistiram em muitas
regiões até o descobrimento; mas algumas formas incipientes de agricultura já
haviam começado a desenvolver-se, especialmente nas zonas próximas às grandes
civilizações.
As civilizações
americanas conheceram o calendário, as formas pictográfica e ideográfica de
escrita e atingiram alto nível de perfeição nas artes da arquitetura, da
escultura e da cerâmica. Não chegaram, porém a desenvolver a metalurgia do
ferro nem alcançaram importantes inventos e técnicas como a roda, a roda de
oleiro, o arco e a abóbada (na arquitetura) e o vidro.
A chegada de
Cristóvão Colombo representou o descobrimento de um imenso território até então
desconhecido para os habitantes do Velho Mundo. Os espanhóis,
"proprietários", juntamente com os portugueses, das terras
recém-descobertas, empreenderam a conquista das zonas civilizadas do México e
do Peru (Hernán Cortés e Francisco Pizarro, respectivamente), e iniciaram a
colonização de toda a América Central, das grandes Antilhas, Venezuela,
Colômbia, cordilheira dos Andes e rio da Prata. A introdução do cristianismo e
da língua castelhana, e a fusão e assimilação das civilizações indígenas com a
cultura hispânica foram a contrapartida dos abusos e da exploração a que foram
submetidos os índios americanos. Os portugueses, que chegaram ao Novo Mundo em
1500, com a expedição de Pedro Álvares Cabral, estabeleceram seu domínio
colonial nas costas do Brasil, território que lhes cabia pelo
Tratado de Tordesilhas.
A partir do
século XVII, os Países Baixos, a França e a Inglaterra começaram a
introduzir-se no Cont, atacando as frotas espanholas carregadas de prata e
fundando colônias nos territórios ocupados por espanhóis e portugueses. Os
holandeses contentaram-se com a posse de alguns encraves de grande valor
econômico e estratégico na Guiana e nas pequenas Antilhas, enquanto França e
Inglaterra iniciavam um período de confrontos para obter o controle dos
territórios norte-americanos. Finalmente, a superioridade militar e o maior
número de colonos determinaram a hegemonia britânica sobre a América do Norte.
A colonização, realizada em sua maior parte por calvinistas e protestantes
radicais, caracterizou-se pela violência sistemática contra os índios, que
foram expulsos de suas terras e exterminados em amplas áreas, à medida que os
colonos avançavam para o oeste.
Os interesses dos
habitantes das 13 colônias norte-americanas entraram em conflito aberto com os
da metrópole a partir de 1765, quando o governo britânico impôs um pesado
imposto sobre documentos jurídicos, periódicos e transações comerciais. Em 1773
o motim do chá, em Boston, significou o início da guerra, formalmente declarada
dois anos depois. Em 4 de julho de 1776 o Congresso de Filadélfia proclamou a
Declaração de
Independência dos Estados Unidos, inspirada
nas idéias liberais de John Locke e Montesquieu; nela se formulavam pela
primeira vez os direitos do homem. A guerra terminou em 1783 com o
reconhecimento, pelo governo britânico, da independência do novo país; quatro
anos depois foi promulgada a constituição americana, que estabelecia a divisão
de poderes e assegurava o funcionamento de um sistema político baseado na participação
dos cidadãos.
Nos vice-reinos
espanhóis, a elite dirigente era constituída por peninsulares, isto é, pessoas
nascidas na Espanha. Os crioulos (descendentes dos conquistadores e dos
primeiros colonizadores), imbuídos de idéias liberais, sentiram-se insatisfeitos
com o caráter limitado das reformas levadas a efeito por Carlos III nas
colônias espanholas e vislumbraram na independência americana e, pouco depois,
na revolução francesa, um exemplo a ser imitado nos vice-reinos. A invasão
francesa da península ibérica precipitou os acontecimentos. As juntas dos
vice-reinos, criadas para administrar o território americano até a restauração
da coroa espanhola, converteram-se em focos revolucionários e independentistas.
A guerra civil entre "patriotas" (independentistas) e
"legalistas" (partidários da unidade com a Espanha) recrudesceu após
a volta de Fernando VII ao trono, mas finalmente os patriotas, comandados por
generais como Simón Bolívar e José de San Martín, conseguiram alcançar o
objetivo de separar-se da Espanha, embora não o de manter a unidade da América
hispânica.
O Brasil também
obteve a independência em 1822, mas, ao contrário dos demais países americanos,
a forma de governo adotada foi a monarquia, que se manteve até 1889.
Ao longo do
século XIX os Estados Unidos lançaram-se à conquista do oeste, incorporando
novos estados, tanto pela compra ou cessão (territórios franceses e espanhóis
do centro e do sudeste da América do Norte), quanto pela conquista (Texas, Novo
México e Califórnia), ou pela ocupação efetiva (o far west, ou oeste distante).
O regime político americano, resultado da contemporização entre os grandes
comerciantes protecionistas do norte e os latifundiários livre-cambistas do
sul, passou por um período de crise entre 1861 e 1865, quando os estados do
sul, descontentes com a política antiescravista do presidente Abraham Lincoln,
tentaram separar-se da união. Após a derrota dos sulistas, os Estados Unidos
experimentaram intenso desenvolvimento industrial.
Depois da
primeira guerra mundial, em que a intervenção americana teve papel decisivo, os
Estados Unidos converteram-se na maior potência econômica do mundo. O fim da
segunda guerra mundial marcou o início de um novo período nas relações
internacionais, o da chamada "guerra fria". Marcado pela rivalidade
com o bloco socialista e pela influência política e econômica dos Estados
Unidos na maior parte do mundo ocidental e dos países em desenvolvimento, essa
situação perdurou até a desintegração do bloco socialista
e o fim da União Soviética, no início da década de 1990.
Ao contrário do
que sucedeu nos
Estados Unidos, a evolução histórica da
América Latina durante os séculos XIX e XX caracterizou-se pela fragmentação e
rivalidade entre os diversos países, por uma escassa evolução e pela
instabilidade política, consubstanciada numa sucessão de golpes de estado,
ditaduras e revoluções.
Após uma primeira
fase de domínio comercial e financeiro, os Estados Unidos procuraram impor
maior presença no Continente Americano (a política do big stick, entre 1895 e
1918), que posteriormente se ampliaria com o controle dos organismos de
cooperação pan-americana (Organização dos Estados Americanos, Organização dos
Estados Centro-Americanos, Aliança para o Progresso etc.). Na segunda metade do
século XX, entretanto, registrou-se um crescente esforço das nações
latino-americanas para assumir atitudes de independência ante os Estados
Unidos.
Por: Adriano Carlos Yared
Lima