segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Desmond Tutu


07/10/1931, Klerksdorp, Transvaal.​

Desde jovem, Desmond Tutu ergueu sua voz contra o regime segregacionista da África do Sul


Desmond Tutu nasceu numa época em que os negros tinham que carregar uma identificação especial e apresentá-la aos policiais brancos quando fossem requisitados. Em 1948, houve eleições na África do Sul, mas como somente os brancos puderam votar, o partido eleito era abertamente racista.

Desmond estudou na Escola Normal de Johannesburgo e, em 1954, na Universidade da África do Sul. Ainda aos 24 anos escreveu ao Primeiro ministro de seu país sobre o apartheid, que chamou de "uma política diabólica". Trabalhou como professor secundário e ordenou-se ministro anglicano em 1960.

De 1967 a 1972, estudou teologia na Inglaterra. Enquanto estava ausente, a situação na África do Sul piorou e os negros eram presos somente por usar banheiros, beber nas fontes ou ir à praia. Em 1968, um protesto calmo feito por estudantes negros transformou-se em tragédia quando a polícia reagiu com um violento ataque, com carros armados, cães e gases.

Em 1975, Desmond Tutu foi o primeiro negro a ser nomeado decano da Catedral de Santa Maria, em Johannesburgo, uma posição pública que o fazia ser ouvido. Sagrado bispo, dirigiu a diocese de Lesoto de 1976 a 1978, ano em que se tornou secretário-geral do Conselho das Igrejas da África do Sul.

Sua proposta para a sociedade sul-africana incluía direitos civis iguais para todos, abolição das leis que limitavam a circulação dos negros, um sistema educacional comum e o fim das deportações forçadas de negros.

Por sua firme posição contra a segregação racial ganhou, em 1984, o Prêmio Nobel da Paz. Na mesma época foi eleito arcebispo de Johannesburgo e depois, da Cidade do Cabo. Recebeu o título de doutor honoris causa de importantes universidades dos EUA, do Reino Unido e da Alemanha.

Em 1996, após a extinção do apartheid, presidiu a comissão de Reconciliação e Verdade, destinada a promover a integração racial na África do Sul, com poderes para investigar, julgar e anistiar crimes contra os direitos humanos praticados na vigência do regime.

No ano seguinte, divulgou o relatório final da Comissão, que acusava de violação dos direitos humanos tanto as autoridades do regime racista sul-africano como as organizações que lutavam contra o apartheid.
Atualizado, 9/12/2011

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Terça, 06 Outubro 2015 10:31

EUA, JAPÃO E MAIS 10 PAÍSES FECHAM ACORDO COMERCIAL REGIONAL HISTÓRICO

Escrito por  Redação
Pablo Martinez Monsivais/Associated Press Anterior

Após oito anos de negociações, Estados Unidos, Japão e mais 10 países fecharam em Atlanta, EUA, a Parceria Transpacífico, no que o jornal americano "The New York Times" definiu como o maior acordo comercial regional da história.

A aproximação entre esses parceiros, formalizada nesta segunda-feira (5), pode fazer com que o Brasil tenha mais trabalho para conseguir espaço para alguns de seus produtos, como frango e açúcar, em mercados importantes (leia mais abaixo).
Discutida por cinco dias seguidos, a TPP, na sigla em inglês, abrange 40% da economia global. O texto final deve ser disponibilizado dentro de um mês.
Além da derrubada de barreiras tarifárias entre os países, o tratado prevê regras uniformes de propriedade intelectual e ações conjuntas contra o tráfico de animais selvagens e outras formas de crimes ambientais, por exemplo.
Países inclusos na Parceria Transpacífico
Com isso, tem o potencial de influenciar desde o preço do queijo ao custo de tratamentos de câncer.
Ele inclui, além de EUA e Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.
Economias asiáticas como a Coreia do Sul, Taiwan e Filipinas, e sul-americanas como a Colômbia, já estão na fila para aderir.
O acordo ainda deve passar por discussão no Congresso americano e Parlamentos de outros países envolvidos. Caso seja aprovado, pode vir a ser uma das maiores conquistas do governo do presidente Barack Obama e deve ajudar a contrabalançar a influência chinesa sobre o comércio no Pacífico.
REPERCUSSÃO
O brasileiro Roberto Azevedo, diretor-geral da OMC, parabenizou os países da TPP e disse que o acordo prova que é possível alcançar consenso entre países com interesses diversos quando existe "vontade política e determinação".
Para outro brasileiro, o economista Maurício Mesquita Moreira, do setor de integração e comércio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a TPP deixa claro para onde caminha o comércio mundial, com novas regras estabelecidas pelo bloco liderado pelos EUA.
"Há o objetivo claro de sinalizar para a China que, se quiser continuar participando do comércio global, em algum momento vai ter que se ajustar a essas novas regras."
GRUPO DE PESO
Os membros da TPP são destino de quase um quarto dos embarques brasileiros
IMPACTO SOBRE O BRASIL
Segundo José Luiz Pimenta, professor da ESPM especialista em comércio exterior, o maior impacto do tratado deve vir da adoção de normas comuns de produção entre os países. Com isso, sua influência sobre os negócios vai além da mera derrubada de tarifas.
"Uma série de regras jurídicas comuns dão previsibilidade para negócios de longo prazo e facilitam o investimento. Você pode exportar peças dos Estados Unidos e se beneficiar das cadeias regionais para que a montagem final aconteça nesses países."
De fora do tratado, o Brasil pode perder espaço para seus produtos. "O Brasil fez um grande esforço recentemente para atender o mercado asiático de carne de frango, mas agora esses países podem começar a focar nas trocas entre si", diz.
De acordo com os detalhes do acordo divulgados pela Casa Branca, a TPP vai eliminar mais de 18 mil impostos e tarifas cobrados sobre os produtos norte-americanos nos países envolvidos. Isenta, por exemplo, a cobrança de tributos sobre as importações de produtos do setor automotivo, que chegam a 70% atualmente.
Segundo Pimenta, o Brasil tem fechado acordos comerciais com mercados menores, como Colômbia e México. O foco tem sido principalmente na derrubada de barreiras, em detrimento da adoção de normas comuns.
A rodada final de negociações da TPP em Atlanta, que começou na quarta-feira, se debruçou sobre a questão de quanto tempo de duração deve ser permitido para a manutenção de monopólio de novos medicamentos de biotecnologia, até que os Estados Unidos e a Austrália negociem um acordo.
Também estiveram em pauta a derrubada de barreiras nos mercados de laticínios e açúcar e a queda gradual, ao longo de três décadas, de impostos de importação de carros japoneses vendidos na América do Norte.
LIVRE-COMÉRCIO NO PACÍFICO - Países que representam 36% do PIB global fecham acordo comercial
MERCADO DE AÇÚCAR
Sob a TPP, a Austrália receberá uma cota adicional de 65 mil toneladas anuais para exportar açúcar para os Estados Unidos, disse à agência de notícias Reuters uma autoridade australiana com conhecimento das negociações.
Com isso, o produto brasileiro pode vir a ter mais trabalho para encontrar espaço no mercado americano, avalia Pimenta, da ESPM —apesar de os Estados Unidos serem irrelevantes para as cerca de 22 milhões de toneladas exportadas em 2014 pelo Brasil.
O volume soma-se às 87,4 mil toneladas já destinadas à Austrália sob o regime de tarifas vigente para o ano comercial que começou em 1º de outubro.
A Austrália poderá enviar 400 mil toneladas de açúcar para os Estados Unidos anualmente até 2019, no cenário mais otimista, disse a fonte.
Sob os termos do acordo, a Austrália também receberá 23% da cota arbitrária, que é baseada na demanda norte-americana sob regime de tarifas, disse a autoridade. O percentual compara-se aos atuais 8%.