Nasa descobre sistema solar
com 7 planetas parecidos com a Terra
Três desses planetas estão na zona habitável. A expectativa é que eles
possam ter oceanos de água em forma líquida
access_time22 fev 2017, 15h17
- Atualizado em 23 fev 2017, 09h04
Ilustração (NASA/JPL/Divulgação)
Dos sete planetas, três estão
dentro de uma zona habitável, onde é possível ter água líquida e,
consequentemente, vida. Os astros mais próximos do seu sol devem ser
quentes demais para ter água líquida e os mais distantes devem ter oceanos
congelados.
Os planetas orbitam uma estrela
anã chamada Trappist-1, que é similar ao Sol e um pouco maior do que Júpiter.
Segundo a agência espacial, os astros têm massas semelhantes à da Terra e são
de composição rochosa. A expectativa da Nasa é que, na pior das hipóteses,
ao menos um dos planetas tenha temperatura ideal para a presença de oceanos de
água em forma líquida, assim como acontece na Terra.
As observações preliminares
indicam que um dos planetas pode ter oxigênio em sua atmosfera–o que
possibilitaria a realização de atividades fotossintéticas por lá. Para que haja
vida como concebida por nós, no entanto, é preciso a presença de outros
elementos na atmosfera, como metano e ozônio.
Segundo o
estudo, que foi publicado na revista Nature, há chances
de os cientistas encontrarem vida nesses planetas. “Não é mais uma questão de
‘se’, mas uma questão de ‘quando'”, disse Thomas Zurbuchen, administrador da
Direção de Missão Científica da Nasa, na coletiva que anunciou a descoberta.
Telescópios na Terra e o Hubble,
um telescópio espacial, poderão analisar em detalhes as moléculas das
atmosferas dos planetas. Nessa exploração, o Telescópio James Webb, que será
lançado ao espaço em 2018, terá papel fundamental. Ele será equipado com luz
infravermelha, ideal para analisar o tipo de luz que é emitida da estrela
Trappist-1.
Quando o novo telescópio da
European Space Organisation começar a funcionar, em 2024, será possível saber
se há realmente água nesses planetas.
Mesmo que
os pesquisadores não encontrem vida nesse sistema, ela pode se desenvolver lá.
O estudo indica que a Trappist-1 é relativamente nova. “Essa estrela anã queima
hidrogênio tão lentamente que vai viver por mais 10 trilhões de anos–que é sem
dúvida tempo suficiente para a vida evoluir”, escreveu Ignas A. G. Snellen, do
Observatório de Leiden, na Holanda, em um artigo opinativo que acompanha o
estudo na revista Nature.
Apesar da similaridade entre a
Terra e os planetas do sistema recém-descoberto, a estrela Trappist-1 é bem
diferente de nosso Sol. A estrela tem apenas 1/12 da massa do nosso Sol. A sua
temperatura também é bem menor. Em vez dos 10 mil graus Celsius que nosso Sol
atinge, o Trappist-1 tem “apenas” 4.150 graus em sua superfície.
De acordo
com o New York Times, a estrela também emite menos luz. Um
reflexo disso seria uma superfície mais sombria. A claridade durante o dia, por
lá, seria cerca de um centésimo da claridade na Terra durante o dia. Uma dúvida
que paira sobre os cientistas é qual seria a cor emitida por pela Trappist-1. Essa cor pode variar de um vermelho profundo a tons
mais puxados para o salmão.
Como foi
feita a descoberta
Tudo
começou em 2016, quando Michael Gillon, astrônomo na Universidade de Liège, na
Bélgica, descobriu três exoplanetas orbitando uma estrela anã. Ele e seu grupo
encontraram os astros após notar que a Trappist-1 escurecia periodicamente,
indicando que um planeta poderia estar passando na frente da estrela e
bloqueando a luz.
Para
estudar a descoberta mais a fundo, o pesquisador usou telescópios localizados
na Terra, como o Star, da Universidade de Liège, o telescópio de Liverpool, na
Inglaterra, e o Very Large Telescope da ESO, no Chile. Já no espaço, Gillon
usou o Spitzer, o telescópio espacial da Nasa, durante 20 dias.
Com as observações no solo e no
espaço, os cientistas calcularam que não havia apenas três exoplanetas, mas
sete. A partir dessa análise, foi possível descobrir o tempo de translação, a
distância da estrela, a massa e o diâmetro dos sete astros. De acordo com os
pesquisadores, ainda é preciso observar o sistema solar por mais algum tempo
para saber novos detalhes, como a existência de água líquida.
Exoplanetas
A descoberta
de exoplanetas, aqueles que orbitam estrelas que não sejam o
Sol, está em ritmo bastante elevado. Até poucas décadas atrás, cientistas
imaginavam que estrelas deviam ter planetas orbitando, mas não contavam com
ferramentas técnicas apropriadas para a descoberta. Nos últimos 20 anos, com as
descobertas acontecendo sem parar, cientistas já atingiram a marca de 3.400
exoplanetas catalogados. Saiba mais: 5
fatos impressionantes sobre exoplanetas (e a busca pela vida no espaço)
“Nos últimos anos, evidências de
que planetas do tamanho da Terra são abundantes na galáxia se acumulam, mas as
descobertas de Michael Gillon e de seus colaboradores indicam que esses
planetas são ainda mais comuns do que se pensava”, segundo o astrônomo Ignas
Snellen. Snellen não estava envolvido na descoberta e publicou sua opinião em
um artigo na Nature.
Para cada planeta que avistamos
na Terra, existem de 20 a 100 mais deles que não conseguimos ver do nosso mundo
por não passarem em frente de sua estrela principal, segundo o pesquisador.
http://exame.abril.com.br/ciencia/nasa-descobre-sistema-solar-com-7-planetas-parecidos-com-a-terra/
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