Os primeiros anos da vida de Gandhi
Mahatma Gandhi (o termo “mahatma” significa “grande
alma”) nasceu no dia 2 de outubro de 1869, mas foi registrado com o nome
de Mohandas Karamchand Gandhi. O nascimento
de Gandhi aconteceu em Porbardar, região da costa oeste da Índia, e seus pais
chamavam-se Karmachand Gandhi e Putlibai Gandhi. O pai de Gandhi – Karmachand –
era governador da região que habitavam na Índia durante o período do Império
Britânico.
O apreço de Gandhi pela religião ocorreu em razão
da grande influência de sua mãe, conhecida por ser uma religiosa fervorosa e
devota à Vishnu, um deus do hinduísmo, uma religião tradicional da
Índia. Os biógrafos de Gandhi retratam-no como uma criança de personalidade
tímida e que, por isso, não possuiu destaque algum durante seu período escolar.
Assim que completou 13 anos, segundo a tradição
daquela região da Índia, Gandhi casou-se com uma garota chamada Kasturba Gandhi
(na época do casamento, ela possuía 14 anos). Alguns anos depois do casamento,
Gandhi mudou-se para Londres, na Inglaterra, para que pudesse estudar Direito e
tornar-se advogado.
Gandhi partiu em 1888, deixando de viver
temporariamente com sua esposa e filho. No período em que esteve na Inglaterra,
Gandhi aprofundou seus conhecimentos religiosos, sobretudo do hinduísmo, a
partir da leitura de textos sagrados e também se tornou vegetariano, passando a
frequentar um clube social para vegetarianos em Londres.
Retornou para a Índia em 1891 após terminar seus
estudos. Uma vez de volta à Índia, tratou de procurar emprego no ramo da
advocacia. A trajetória de Gandhi como advogado não deslanchou, principalmente
pelas dificuldades que lhe eram causadas pela sua timidez. Em 1893, Gandhi
recebeu uma oferta de emprego na África do Sul e, assim, novamente, deixou sua
família, dessa vez para poder trabalhar.
O ativismo de Gandhi na África do Sul
Foram as situações de preconceito experimentadas
por Gandhi na África do Sul que o transformaram em um grande ativista na defesa
dos indianos. Os indianos sofriam com as ações discriminatórias tanto das
autoridades coloniais como da população local de origem europeia. Uma situação
marcante para Gandhi aconteceu durante uma viagem de trem que fazia rumo à
cidade de Pretória, em 1893.
Durante essa viagem, Gandhi foi solicitado a se
retirar da primeira classe – local pelo qual ele havia pago para estar – porque
um passageiro branco havia se incomodado com a sua presença. A rejeição de
Gandhi em acatar o pedido de se retirar para a terceira classe – local
destinado para os negros – fez com que ele fosse expulso da locomotiva.
Outras situações, como decreto de leis
discriminatórias contra a população indiana na África do Sul, convenceram
Gandhi da necessidade de lutar pela defesa dos direitos dos indianos naquela
região. Com o passar do tempo, Gandhi transformou-se em uma liderança para a
comunidade de indianos do local e, durante sua militância, nasceu o Satyagraha,
o seu conceito de protesto não violento.
Gandhi na luta pela independência da Índia
Ao todo, Gandhi permaneceu durante 21 anos na
África do Sul, tornando-se um grande nome local pela defesa dos indianos. A
atuação de Gandhi na África do Sul rendeu-lhe notoriedade e, quando retornou
para a Índia, em 1914, já era uma personalidade conhecida no país. No entanto,
por causa da Primeira Guerra Mundial, ele só iniciou o
ativismo pela independência da Índia em 1919.
Na Índia, Gandhi tornou conhecido internamente
o Satyagraha, princípio pelo qual defendia o protesto de maneira
não violenta a partir de demonstrações de resistência e de desobediência civil.
A intenção de Gandhi com essas ações era fazer aquele que cometeu a injustiça
perceber o dano que estava causando e arrepender-se. Foi por causa de seu papel
na independência da Índia que Gandhi recebeu a alcunha de “mahatma” (grande
alma).
Das décadas de 1920 a 1940, Gandhi incentivou ações
de desobediência civil para incentivar a população
a se levantar contra os dominadores e enfraquecer o domínio colonial na Índia.
A atuação de Gandhi no ativismo pela independência fez com que ele fosse preso
pelas autoridades britânicas diversas vezes.
A liderança de Gandhi nas ações de desobediência
civil repercutiu profundamente em dois momentos diferentes. No primeiro deles,
Gandhi incentivou a população indiana a produzir suas próprias roupas e a parar
de comprar roupas dos comerciantes ingleses. Para dar o exemplo, Gandhi passou
a levar consigo um tear manual.
O tear manual carregado por Gandhi gerou tanta
repercussão que se transformou em um símbolo nacional da Índia e hoje é
estampado na bandeira do país. Outro evento bastante conhecido foi a “Marcha
do Sal”, de março de 1930. Nesse evento, Gandhi liderou uma multidão em uma
marcha até o litoral indiano para que pudessem extrair sal. Isso aconteceu
porque as autoridades locais haviam instituído imposto sobre o preço do sal
comprado pelos indianos.
A atuação de Gandhi seguiu durante as décadas de
1930 e 1940 em meio aos crescentes conflitos entre indianos hindus e indianos
muçulmanos. Apesar dos esforços de Gandhi em combater a escalada da violência,
a rivalidade entre os lados só aumentou. O domínio colonial britânico
encerrou-se na região em agosto de 1947, no entanto, a rivalidade existente
entre muçulmanos e hindus levou o país à divisão. Dessa divisão, a parte
muçulmana da Índia transformou-se no Paquistão.
A divisão da Índia foi o motivo da morte de Gandhi
em 1948. No dia 30 de janeiro, Gandhi foi alvejado pelo nacionalista
hindu Nathuram Godse e morreu instantaneamente.
Nathuram Godse matou Gandhi porque o considerava responsável pela separação
entre o Paquistão e a Índia. Ele foi preso, julgado e sentenciado à morte,
sendo executado em 1949.
Críticas à Gandhi
Após a morte de Gandhi, diversos estudos foram conduzidos
sobre a vida dele. Muitos estudos apontaram inúmeras críticas a diversas ações
realizadas por Gandhi. Os grandes destaques vão para a visão racista que
Gandhi possuía dos sul-africanos, tratando-os como inferiores; a negligência de
Gandhi com os dalits, os intocáveis; a forma que ele tratava sua
mulher e as opiniões machistas que possuía.
*Créditos da imagem: Andrea
Izzotti e Shutterstock
Por Daniel Neves
Silva