10 fugas simplesmente fantásticas para atravessar o Muro de Berlim
08/11/2014 21:29 BRST | Atualizado 26/01/2017
21:45 BRST
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Charlotte AlfredAssociate World
Editor, The Huffington Post
Por 28 anos, a Alemanha Oriental, controlada por comunistas, foi cortada
do enclave capitalista de Berlim Ocidental por uma
barreira de concreto, arame farpado e guardas fortemente armados.
As primeiras barricadas, do que se tornaria o Muro de Berlim, surgiram
em agosto de 1961, após o número de alemães orientais, que deixavam a RDA
(República Democrática da Alemanha) via Berlim Ocidental, atingir níveis recordes. Nas três décadas seguintes, a
barreira dividiria famílias e bairros que, certa vez, compartilharam
a mesma cidade.
No dia 09 de novembro de 1989, o muro caiu quase tão rapidamente como quando apareceu
pela primeira vez. Quando um oficial da Alemanha Oriental anunciou prematuramente a abertura da fronteira, milhares de
alemães orientais, exaltados com a notícia, dirigiram-se para o muro e
começaram a destrui-lo, pedaço por pedaço. O acadêmico britânico Timothy Garton
Ash descreveu a cena como "a maior festa de rua já
conhecida na história do mundo."
O Muro foi uma barreira letal nas três décadas em que se manteve em pé.
Os guardas da fronteira estavam sob ordens estritas: "Não hesite em usar
sua arma, mesmo quando as violações contra a fronteira acontecerem com mulheres
e crianças", descrevia um arquivo do serviço secreto
da Alemanha Oriental de 1973. Estima-se que pelo menos 138
pessoas morreram ao tentar cruzar a fronteira.
Enquanto alguns conseguiram cruzar o muro de forma segura, não está
claro qual foi o número exato de pessoas que conseguiram cruzar para a parte
ocidental. Algumas estimativas afirmam que 5.000 alemães orientais chegaram a Berlim Ocidental através
do muro. Homens, mulheres e crianças esgueiravam-se pelas barreiras policiais,
escondendo-se em veículos e em túneis, sob o concreto.
Para comemorar o 25º aniversário da queda do Muro de Berlim,
desenterramos as dez tentativas mais ousadas e corajosas realizadas por pessoas que queriam
escapar da Alemanha Oriental.
1. O TREM DESVIADO
A polícia da
Alemanha Oriental usou picaretas e pás para destruir trilhos usados por Harry
Deterling ao guiar um trem para Berlim Ocidental em 5 de dezembro de 1961 (AP
Foto/Comprada)
Quatro meses após o Muro ter sido erguido, um jovem engenheiro
ferroviário de Berlim Oriental avistou uma lacuna na barreira. Harry Deterling
descobriu um trilho de trem abandonado que ainda corria de um subúrbio de
Berlim Oriental para Berlim Ocidental. Deterling prontamente se inscreveu para
conduzir o trem na rota mais próxima e planejou "o último trem para a
liberdade. "No dia 05 de dezembro de 1961, Deterling levou sua família e
amigos a bordo, drenou o ar do freio de emergência do trem, e acelerou a todo vapor em direção a
Berlim Ocidental, fazendo com que algum guardas da fronteira voassem pelos areas. Uma
vez do outro lado, um dos passageiros ligou para a polícia de Berlim Ocidental
para informá-los: "Acabamos de escapar com um trem." A Alemanha
Oriental bloqueou a linha férrea no dia seguinte.
2. O ROUBO DE UM TANQUE
Veículo blindado de
Engel depois que colidiu com o muro de Berlim, em 19 de abril de
1963(Keystone-France/Gamma-Keystone via Getty Images)
O soldado da Alemanha Oriental, Wolfgang Engels, pode ter ajudado a construir o Muro de Berlim em 1961, mas
dois anos depois ele também planejou sua fuga. E não foi um plano muito bem
feito, descreve o The Local. Em 16 de abril de 1963, Engels
roubou um tanque da Alemanha Oriental e esmagou-o contra a barreira de
concreto, chorando: "Eu vou sair daqui para o Ocidente, alguém quer vir
junto?". O veículo não conseguiu romper o muro. Engels saiu do carro e
tentou escalar a barreira, mas ficou preso no arame farpado e foi baleado duas
vezes pelos guardas de fronteira da Alemanha Oriental. Eventualmente alemães
ocidentais que haviam ido beber em um bar nas proximidades, foram socorrê-lo e
o ajudaram a descer do arame farpado. Engels mais tarde descreveu ao The Christian Science
Monitor como ele recuperou a consciência no balcão do bar. "Quando eu
virei minha cabeça e vi todas as marcas ocidentais de bebidas alcoólicas na
prateleira, eu sabia que tinha conseguido", ele disse.
3. EM UM CONVERSÍVEL
Foi assim que Heinz
Meixner dirigiu seu carro Sprite sem o para-brisas, de modo que seria baixo o
suficiente para passar pelos postos fronteiriços em Berlim, na Alemanha, por
volta de 1961 (Express/Archive Photos/Getty Images) (Express/Archive
Photos/Getty Images)
Foi o amor que levou Heinz Meixner a se arriscar no ousado esquema. Enquanto trabalhava em Berlim
Oriental, o austríaco se apaixonou por Margarete Thurau, mas as autoridades
negaram-lhe a autorização para se casar com ela na Aústria. Meixner decidiu,
mesmo assim, levar a sua amada e sua futura sogra embora. Ele alugou um carro
conversível, removeu o para-brisa e tirou um pouco de ar dos pneus para fazer
com que o veículo ficasse ainda mais próximo do chão. Em 5 de maio de 1963, com
Thurau e sua mãe escondidas na parte de trás, Meixner dirigiu até posto fronteiriço,
apelidado de Checkpoint Charlie. Quando Meixner chegou ao posto de inspeção,
ele se abaixou e pisou no acelerador passando por baixo da barreira e chegando
a Berlim Ocidental.
4. NADANDO
Hartmut Richter com
os restos do Muro de Berlim, em 8 de outubro de 2014. (ODD ANDERSEN/AFP/Getty
Images)
Em 1966, Hartmut Richter, então com 18 anos, nadou por quatro horas por
todo o Canal Teltow, enganando os guardas de fronteira da Alemanha Oriental e
assim chegou a Berlim Ocidental. "Um cisne me atacou, cães latiam e eu
tive que esperar várias vezes e mergulhar até que a costa estivesse
livre", disse Richter depois do ocorrido à
Agência France Presse. "Eu tive hipotermia e estava exausto quando
finalmente consegui chegar e desmaiei quando pisei em terra firme." Alguns
anos mais tarde Richter voltou para a Alemanha Oriental e começou a
contrabandear amigos no porta-malas de seu carro - mais de 30 pessoas escaparam com a
ajuda dele. Em 1976, ele foi preso e condenado a 15 anos de prisão. A Alemanha
Ocidental garantiu sua libertação depois de quatro anos na cadeia.
5. EM UM COLCHÃO DE AR
Os barcos alemães
(à direita) patrulham enquanto os barcos da fronteira da Alemanha Ocidental (à
esquerda) se posicionam na margem leste do rio Elba. (AP Photo/S)
Ingo Bethke se familiarizou com as
margens do Rio Elba, ao norte de Berlim, enquanto servia como guarda na
fronteira da Alemanha Oriental. Quando ele decidiu fugir de Berlim Oriental, em
1975, Bethke retornou para o rio com um amigo e um colchão de ar.
Primeiro, eles tiveram que passar por uma cerca de metal, arames e um campo
minado. Mas a dupla conseguiu chegar ao rio, onde, silenciosamente, os dois
remaram no colchão de ar rumo à Alemanha Ocidental.
6. POR UMA CORDA SUSPENSA
A família de Ingo Bethke ficou sob escrutínio das autoridades da
Alemanha Oriental depois de sua deserção. Seu irmão, Holger, decidiu segui-lo e
planejou uma fuga igualmente ousada. Holger treinou arco e flecha e encontrou um prédio alto, com vista para Berlim
Ocidental. Em maio de 1983, ele entrou no sótão e disparou um cabo de arame
sobre o muro, usando um arco e flecha. Ingo estava esperando do outro lado e pendeu o cabo em seu carro.
Com uma roldana de metal, Holger montou uma tirolesa por cima do muro e foi se
juntar ao seu irmão em Berlim Ocidental.
7. EM AVIÕES SOVIÉTICOS FALSIFICADOS
Graffiti no lado de
Berlim Ocidental do Muro de Berlim em 29 de abril de 1984. (JOEL
ROBINE/AFP/Getty Images)
Dois irmãos elaboraram um plano extremamente audacioso, a fim de
libertar o seu terceiro irmão, Egbert. Eles aprenderam a voar e pintaram dois
aviões ultraleves com estrelas vermelhas no estilo soviético. Em Maio de 1989,
eles estavam prontos. Eles se vestiram com uniformes militares e voaram por
cima do Muro de Berlim Oriental, pegando Egbert, que os esperava, e
infiltrando-o de volta ao Ocidente. Os irmãos estiveram separados por mais de
uma década. "Eu pensei que nunca iria ver meus irmãos novamente, mas eles
vieram do céu como anjos e me levaram para o paraíso", lembrou Egbert mais tarde.
8. EM UM BALÃO DE AR QUENTE
Os berlinenses
ocidentais observam os alemães orientais descarregarem placas de concreto
pré-fabricadas para reforçar o Muro de Berlim no Wilhelm Strasse, em Berlim,
Alemanha, em 12 de setembro de 1961. (AP Photo/Eddie Worth, File)
Mecânico de aviões, Hans Peter Strelczyk teve inspiração para a sua fuga
em um programa de TV da Alemanha Oriental, sobre a história do balonismo. Junto
com seu amigo Gunter Wetzel, ele construiu um balão de ar quente para atravessar ambas as famílias para o
ocidente. Os amigos construíram um motor com cilindros de gás propano e suas
esposas costuraram lençóis para o balão. Depois de uma primeira tentativa
frustrada, as duas famílias finalmente planaram e atravessaram o Muro em 16 de
setembro de 1979, aterrissando 30 minutos mais tarde em um arbusto de amora em
solo alemão ocidental.
9. EM UMA CORDA BAMBA
Na praça Potsdam,
um soldado da Alemanha Oriental corta um arame farpado em cima do muro que
dividia Berlim, Alemanha, em 12 de agosto de 1966. (AP Photo/Herrmann)(AP
Photo/Herrmann)
O trapezista Horst Klein foi proibido de se apresentar na Alemanha
Oriental por causa de suas crenças anticomunistas. Ele então usou suas
habilidades equilibristas para fugir para Berlim Ocidental. "Eu não podia
mais viver sem o cheiro do circo nas minhas narinas", disse Klein aos jornais na época. Em
dezembro de 1962, Klein escalou um poste de energia elétrica, perto do Muro de
Berlim e, pendurado bem acima das patrulhas, foi avançando através de um cabo elétrico em
desuso. Suas mãos dormentes de frio fizeram com que ele caísse da corda e
quebrasse os dois braços, mas ele caiu dentro de Berlim Ocidental.
10. FUGA EM MASSA PELO TÚNEL
Um modelo de túnel
de fuga do ocidente para o oriente de Berlim no museu Underworlds, em Berlim,
Alemanha, 11 de setembro de 2009. (AP Photo/Maya Hitij)
Várias centenas de alemães orientais
fugiram por uma rede de túneis secretos por baixo do Muro de Berlim. Em 1962,
cerca de uma dúzia de idosos alemães do ocidente cavaram seu caminho para
Berlim através do que mais tarde foi chamado de "Túnel dos Idosos". Durante duas noites, em 1964,
57 pessoas escaparam por um outro túnel, que ficou conhecido como o "Túnel 57". Foi a maior fuga em massa na
história do Muro de Berlim.